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WTF Introdução Simples ao Solidity: 3. Funções

Eu tenho revisado Solidity recentemente para reforçar os detalhes e decidi escrever um "WTF Introdução Simples ao Solidity" para uso dos novatos (os programadores experientes podem procurar outros tutoriais). Estarei atualizando 1-3 sessões por semana.

Twitter: @0xAA_Science

Comunidade: Discord | Grupo no WeChat | Site oficial wtf.academy

Todo o código e tutoriais estão disponíveis no Github: github.com/AmazingAng/WTF-Solidity


Funções

As funções em Solidity são muito versáteis e podem realizar diversas operações complexas. Neste tutorial, vamos abordar os conceitos básicos de funções e demonstrar como utilizá-las por meio de exemplos.

Vamos dar uma olhada na forma das funções em Solidity:

function <nome_da_função>(<tipos_de_parâmetros>) {internal|external|public|private} [pure|view|payable] [returns (<tipos_de_retorno>)]

Vamos explicar cada parte, de trás para frente (os itens entre colchetes são palavras-chave opcionais):

  1. function: Palavra-chave fixa usada para declarar uma função. Para escrever uma função, é necessário começar com a palavra-chave function.

  2. <nome_da_função>: Nome da função.

  3. (<tipos_de_parâmetros>): Colchetes contendo os tipos e nomes dos parâmetros que a função aceita.

  4. {internal|external|public|private}: Modificador de visibilidade da função, com 4 opções.

    • public: Visível interna e externamente.
    • private: Acesso permitido apenas internamente ao contrato, contratos herdados também não podem acessá-lo.
    • external: Acesso permitido apenas externamente (internamente pode ser acessado através de this.f(), sendo f o nome da função).
    • internal: Acesso permitido apenas internamente, contratos herdados podem acessá-lo.

    Observação 1: Funções definidas em contratos precisam especificar explicitamente a visibilidade, pois não possuem um valor padrão.

    Observação 2: public|private|internal também podem ser usados para modificar variáveis de estado. Variáveis public geram automaticamente uma função getter com o mesmo nome para consultar o valor. Variáveis de estado não marcadas com um modificador de visibilidade são consideradas internal por padrão.

  5. [pure|view|payable]: Palavras-chave que determinam as permissões/funções da função. A explicação de payable é clara, indica que uma função pode receber ETH ao ser executada. A explicação de pure e view está na próxima seção.

  6. [returns ()]: Tipos e nomes das variáveis de retorno da função.

O que é Pure e View afinal?

Ao começar a aprender Solidity, as palavras-chave pure e view podem parecer confusas, pois outras linguagens de programação não possuem equivalentes. A introdução dessas palavras-chave em Solidity é principalmente devido ao fato de que transações do Ethereum requerem pagamento de taxa de gás. Funções marcadas como pure e view não alteram o estado na cadeia de blocos, e ao chamar diretamente essas funções, não é necessário pagar gás (Observação: funções não pure/view que chamam funções pure/view ainda precisam pagar gás).

No Ethereum, as seguintes ações são consideradas modificação do estado na cadeia de blocos:

  1. Alterar variáveis de estado.
  2. Emitir eventos.
  3. Criar outros contratos.
  4. Usar o selfdestruct.
  5. Enviar ETH por chamadas de função.
  6. Chamar qualquer função não marcada como view ou pure.
  7. Usar chamadas de baixo nível (low-level calls).
  8. Usar o assembly inline que inclui certos opcodes.

Para ajudar a entender, criei uma ilustração do Mario. Na ilustração, comparo a variável de estado do contrato (armazenada na cadeia) com a Princesa Peach, e diferentes personagens representam as diferentes palavras-chave.

[Imagem ilustrativa explicando Pure e View]

  • pure: Significa "puro", neste caso pode ser entendido como “sem efeitos colaterais”. Funções pure não podem ler nem escrever em variáveis de estado. É como um inimigo que não pode ver ou tocar na Princesa Peach.

  • view: Significa “visualização”, neste caso pode ser entendido como “espectador”. Funções view podem ler, mas não escrever em variáveis de estado. É como o Mario, que pode ver a Princesa Peach, mas é apenas um espectador, não pode interagir com ela.

  • Funções que não são pure nem view podem ler e escrever em variáveis de estado. Funcionam como o "boss" no jogo do Mario, que pode fazer o que bem entender com a Princesa Peach.

Código

1. Pure e View

Vamos primeiro definir no contrato uma variável de estado number inicializada como 5.

// SPDX-License-Identifier: MIT
pragma solidity ^0.8.21;
contract FunctionTypes{
    uint256 public number = 5;
}

Vamos definir uma função add() que incrementa a variável number em 1 sempre que é chamada.

// Função padrão
function add() external{
    number = number + 1;
}

Se a função add() for marcada como pure, por exemplo function add() external pure, um erro será gerado. Isso ocorre porque uma função pure não pode ler variáveis de estado do contrato, muito menos modificá-las. Mas o que uma função pure pode fazer? Por exemplo, ela pode receber um parâmetro _number, e retornar _number + 1, sem ler ou escrever em variáveis de estado.

// pure: "pura zoeira"
function addPure(uint256 _number) external pure returns(uint256 new_number){
    new_number = _number + 1;
}

Se a função add() for marcada como view, por exemplo function add() external view, também será gerado um erro. Isso porque uma função view pode ler, mas não modificar variáveis de estado. Podemos realizar uma pequena modificação na função para ler number, mas sem modificar seu valor, retornando um novo valor.

// view: espectador
function addView() external view returns(uint256 new_number) {
    new_number = number + 1;
}

2. internal vs. external

// internal: função interna
function minus() internal {
    number = number - 1;
}

// Funções internas podem ser chamadas a partir de funções no contrato
function minusCall() external {
    minus();
}

Vamos definir a função minus(), marcada como internal, que reduz o valor da variável number em 1 a cada chamada. Como funções internal só podem ser chamadas internamente dentro do contrato, precisamos definir uma função external minusCall() para chamar indiretamente a função minus().

3. payable

// payable: aceita pagamento, função que permite contratos receberem ETH
function minusPayable() external payable returns(uint256 balance) {
    minus();    
    balance = address(this).balance;
}

Vamos definir a função minusPayable(), marcada como external payable, que indiretamente chama minus() e retorna o saldo de ETH no contrato (usamos this para referenciar o endereço do contrato). Podemos chamar a função minusPayable() e enviar 1 ETH para o contrato.

Conclusão

Nesta sessão, apresentamos as funções em Solidity. As palavras-chave pure e view podem ser difíceis de entender, pois não existem equivalentes em outras linguagens de programação: uma função view pode ler variáveis de estado, mas não pode modificá-las; uma função pure não pode ler nem modificar variáveis de estado.